terça-feira, 17 de abril de 2007

A desconstrução


Hoje vi dois meninos cheirando cola a menos de 3 metros de mim. Eu não concordo, não aceito, não vou me acostumar e não consigo entender. Senti meu coração disparar, senti algo que não gostaria de sentir, senti medo e pena e senti minhas pernas tremerem
É sempre assim quando vejo atos de violência, mas não me acostumei.

Meia hora depois vi um senhor, não tão sóbrio é verdade, tentando parar os carros numa avenida movimentada daqui. Os carros não paravam, o senhor se esquivava de cada arrancada de ônibus, carros, motos e até bicicletas. Ele acenava com os braços, cruzando-os e com as mãos espalmadas, mas ninguém parava, isso durou algum tempo até um ônibus parar, mas não foi porque ele pedia, foi porque ele estava em marcha lenta e o tal senhor aproveitou para ficar parado bem no meio da avenida. Enfim este homem conseguiu o que queria: parar os carros para que duas senhoras freiras atravessassem para o outro lado. Só isso. Creio que não custava para nenhum dos motoristas parar para as duas passarem.

Esse fato me fez sentir novamente uma espécie de orgulho, saudade e esperança. Me fez pensar o que qualquer um pensaria assistindo a uma situação dessas, ou talvez não.

Mais vinte minutos de passaram e eu vejo um outro senhor gritando: "Salvem suas almas" - ele dizia, em tom profético.
Confesso que na hora, fugindo dos meus pensamentos filosóficos e partindo para aqueles mais mundanos, ou como eu costumo dizer, em off, eu pensei naquela frase que dizem quando alguém peida: "cuida da sua alma, porque o corpo..." ...

Bom, voltemos. Então partindo daquela frase "Salvem suas almas", pensei no que estamos fazendo pra salvar as nossas, considerando que exista realmente céu, inferno... Enfim.
E analisando tudo que vi, pensei e treinei várias coisas pra dizer aqui, parte delas não direi porque não tenho planos de escrever um livro hoje, mas o mais importante foi perceber a falta de respeito para com os demais, tanto com seres humanos quanto com plantas e animais.
A falta de respeito pode gerar baixa auto-estima, dessa maneira o indivíduo pode se tornar fraco, fraco ele cai com qualquer sopro, caindo ele sempre leva alguém junto, caindo ele perde a dignidade e fica mais difícil viver porque a essa altura ele já não tem auto-respeito algum.

Dar-se ao respeito no sentido de dar-se mesmo não é difícil, tampouco sacrificante, pelo contrário, é gratificante e pode se tornar epidemia. Gestos de respeito devem ser feitos todos os dias.
Custa você guardar seu próprio lixo na bolsa ou no bolso até avistar um lixeiro, custa você dar espaço para as pessoas entrarem ou saírem do ônibus?
Custa parar seu carro para que alguém entre na sua frente com outro carro ou simplesmente atravesse?
Custa perguntar se alguém precisa de ajuda pra carregar as compras até o local onde queira ir, já que você tem nada na mão e vai pro mesmo lugar?
Custa você adotar um animalzinho para que ambos possam ser mais felizes?

A soma só vem a acrescentar.

[afastei-me temporariamente por invalidez, mas diga a todos que voltei]

2 comentários:

  1. Oi Aline.
    Sabe que, no ano passado ou comecinho deste, li um desafabo do Arnaldo Jabor falando extamanente as mesmas coisas, incluindo o fato de como ele se sentia mal quando aquelas crianças que fazem malabrarismos em frente ao nosso carro, chegam no vidro do nosso carro para pedir um trocado.
    Só o foco dele era outro: o político. Mas ele terminava com o mesmo conceito: "Salvem as suas almas!".
    Interessante...
    Respondendo a pergunta que vc deixou no meu blog: eu tive Síndrome do Pânico há uns 3anos (mais ou menos). Até os médicos descobrirem foi um parto! Mas é isso aí...
    Grande bjo,
    Ana

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oi. =)